Mirtes Renata Santana de Souza era empregada doméstica na casa do casal Sérgio Hacker e Sari Gaspar até a morte de seu filho, o menino Miguel, de apenas 5 anos, que caiu do prédio de luxo onde o casal morava enquanto Mirtes passeava com o cachorro da família. Apesar disso, seu nome também consta na lista de funcionários comissionados da prefeitura de Tamandaré.
O caso se tornou público depois da morte do menino. Consultas feitas no portal de transparência do município mostram que Mirtes é apontada no cargo de Gerente de Divisão na manutenção das “atividades de administração”. O cargo, que é comissionado e, por isso, só poderia ter sido dado por Hacker ou um de seus assistentes, tem remuneração de R$ 1.093,62.
Agora, além de lidar com a perda do filho único, Mirtes também vê seu nome envolvido em uma fraude. Já que desempenhava o trabalho de doméstica na casa da família, fica claro que ela não atuava como gerente de divisão na prefeitura. O PSB, partido do prefeito, informou que abriu apuração para investigar o caso.
A contratação de Mirtes para a prefeitura aconteceu no dia 1º de fevereiro, apenas um mês depois da posse de Sergio Hacker. Resta agora investigar se a manobra foi feita para pagar o salário de Mirtes como empregada doméstica ou se o dinheiro vinha sendo coletado pelo prefeito, o que pode indicar outras fraudes na prefeitura. Essa não seria a primeira vez que políticos usam cargo público para remunerar trabalhadores domésticos.
A prefeitura de Tamandaré não se manifestou, tampouco a assessoria pessoal do prefeito. Além do nome de Mirtes, não foram divulgados mais funcionários fantasmas, mas internautas fazem campanha para que as contas públicas da cidade sejam investigadas mais minuciosamente. Em entrevista ao UOL, Mirtes afirmou que trabalhava apenas como doméstica e não sabia que constava nos dados da prefeitura.