Em meio a pandemia do novo coronavírus e contrariando recomendações das organizações de saúde, inclusive o Ministério da Saúde, manifestantes de várias regiões do Brasil realizaram atos pró-Bolsonaro nas últimas semanas. Com cartazes contra o Supremo Tribunal Federal, pedidos para o fechamento do Congresso e defendendo intervenção militar, os manifestantes em certa altura tocaram a música “Brasil”, de Cazuza. A escolha da canção, no entanto, não caiu bem entre os amigos e familiares do cantor.
Em publicação no facebook, a Fundação Viva Cazuza publicou uma carta aberta onde informa que o uso não autorizado da canção do artista em atos contra a democracia vai contra a Lei de Direitos do Autor e quem desrespeitar o comunicado esta “sujeito à aplicação das sanções civis e penais cabíveis em virtude de violação de direitos autorais”
A postagem ainda cita matéria da Folha de São Paulo, onde foi relatado o uso da canção durante a manifestação. A letra de “Brasil”, de Cazuza, é tanto uma celebração da redemocratização quanto uma crítica a classe política do país. Para a Fundação Viva Cazuza, a primeira parte da interpretação é desrespeitada já que, em seu entendimento, as manifestações são contrárias a democracia. Assinam a carta Lucinha Araújo(Cazuza), George Israel e Nilo Romero.
Durante uma das manifestações, o próprio presidente Bolsonaro esteve presente e afirmou “chegamos no limite, faremos cumprir a Constituição”. A declaração, apesar de citar a Constituição, foi vista como ameaça por alguns especialistas, mas não caiu muito bem nem mesmo na ala militar, segundo jornalistas. O presidente nega que as manifestações tenham caráter antidemocrático.
Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, nasceu em 58 e ficou conhecido por sua rebeldia, polêmica e autenticidade. Em 89, confirmou ter contraído HIV. Declaradamente bissexual, o cantor construiu sua carreira como vocalista do Barão Vermelho mas foi com a carreira solo que terminou de escrever seu nome na história da música brasileira. Em entrevista a Marília Gabriela, Cazuza declarou seu “desprezo total” a direita e explicou porquê.