Todo ano, centenas de brasileiros saem do país para se formar em universidades de todo o mundo. Algumas dessas áreas de formação, no entanto, exigem que ao voltar para o Brasil, esse novo profissional se submeta a uma avaliação para ter sua licença, obtida em outro país, validada dentro do território nacional. Esse é o caso da medicina, por exemplo; o problema é que o último Revalida foi feito em 2017 e agora o país enfrenta a crise global do novo coronavírus.
Algumas regiões do Brasil estão sofrendo mais com a falta de equipamento e profissionais para atuar na frente contra a doença. É o caso de municípios do interior do Amazonas, que enfrentam uma grave crise no sistema de saúde. O Cosems (Conselho de Secretários Municipais de Saúde) entrou com ação na Justiça para que seja autorizada a contratação de profissionais formados fora do país sem a aplicação do Revalida.
Os números, segundo a ação movida pela Cosems, justificam a aplicação da medida em caráter temporário, já que o estado sofre desproporcionalmente com a pandemia e enfrenta problemas crônicos na contratação de novos profissionais, especialmente para atuação no interior. Ainda segundo números apresentados pelo Conselho, o interior do amazonas tem em média 0,17 médicos para cada mil habitantes, enquanto a média nacional é de 2,19 médicos para cada mil habitantes.
O Programa O Brasil Conta Comigo, por exemplo, promovido pelo Governo Federal para enviar médicos para regiões do país mais afetadas, teve apenas 4 profissionais inscritos para atuar no Amazonas. Isso, somada a todas as outras faces da crise, gera preocupação no estado especialmente em relação ao interior. O Conselho ainda contabiliza pelo menos 263 residentes no estado que são médicos formados no exterior e manifestaram desejo de atuar no combate a pandemia no interior, mas são impedidos pela falta do Revalida.