Em decisão publicada ontem, a Justiça Federal determinou que o Governo tem 72 horas para explicar o porquê da demissão de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. A determinação é motivada pelas suspeitas de que a troca de diretores teria sido feita para atrapalhar investigações e proteger membros do governo.
As suspeitas foram levantadas durante a coletiva de imprensa convocada por Sérgio Moro, em ocasião na qual se demitia do cargo de ministro da Justiça. Moro acusou o presidente de tentar interferir em investigações que se aproximavam da família Bolsonaro. Em conversa entregue ao Jornal Nacional, Moro expôs que o Presidente acreditava que as investigações eram mais um motivo para a entrada de Ramagem e saída de Valeixo.
O presidente Jair Bolsonaro nega que tenha tentado interferir em investigações e acusa Sérgio Moro de mentir para ocultar seu interesse em nomeação ao STF. A Justiça Federal, por sua vez, exigiu que o governo explique a exoneração de Maurício Valeixo, já que existe uma inconsistência nos fatos narrados. O governo afirma que Valeixo teria pedido exoneração, enquanto Moro afirma que o então diretor-geral não havia manifestado oficialmente o pedido de demissão. Outro fato que pesa contra o presidente é Moro ter afirmado que não assinou a exoneração, apesar de seu nome constar no Diário Oficial.
Passadas as 72 horas, a decisão prevê que seja apreciada a suspensão da nomeação de Ramagem e suspensa a demissão de Valeixo. Quem assina o documento é o juiz da 8ª Vara Federal de Brasília, Francisco Ribeiro. Em paralelo a essa decisão, que acata ações populares movidas contra a exoneração, o ministro do Superior Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, acatou pedidos contra a nomeação de Ramagem.
As reverberações da saída de Sérgio Moro do governo ainda prometem muitas reviravoltas e complicações para o mandato do Presidente Jair Bolsonaro, que sustenta sua inocência nas acusações e afirma que Moro esta mentindo.