Houve um momento em que Witzel, Moro e Bolsonaro eram aliados em um plano geral de governo para o Brasil, onde as principais bandeiras eram o fim da corrupção e o combate ao socialismo. No entanto, desde que as eleições acabaram, o relacionamento entre eles vem sofrendo golpes até o momento atual, onde o Presidente parece cada vez mais isolado.
Em recente entrevista ao portal Uol, Witzel falou sobre a situação do estado do Rio de Janeiro frente a pandemia, seu estado de saúde e também comentou a o momento conturbado que o governo federal enfrenta. Segundo análise feita pelo governador, que tem formação no direito e foi juiz federal, um processo de impeachment agora não seria positivo. Witzel, no entanto, ressaltou que pode mudar de ideia, caso Bolsonaro continue “negando a pandemia, interferindo no trabalho dos governadores“.
Gabriel Sabóia, que conduziu a entrevista, perguntou ao governador do Estado sobre os pronunciamentos de Moro e Bolsonaro. Witzel explicou que Bolsonaro pode e deve indicar o nome do diretor-geral da Polícia Federal, que essa é uma função cabida à ele, e que também pode “encaminhar fatos para serem investigados”, mas que é velado o envolvimento ou interferência em processos em andamento. Witzel se mostrou cauteloso em relação ao possível processo de Impeachment e afirmou que os crimes precisam ser caracterizados após investigação.
O governador Witzel afirmou que o presidente Bolsonaro vem cometendo crimes de Responsabilidade desde que estimulou que a população quebrasse as medidas de quarentena. Witzel lembrou ainda o caso em que Bolsonaro participou de carreata que pedia o fim do STF. Para o governador, existem indícios que mostram que Bolsonaro vem “tentando extrapolar os limites da Constituição”. Apesar das duras críticas ao presidente, Witzel mencionou a alta do dólar e o momento de pandemia para se posicionar contra um eventual processo de Impeachment e defendeu que as medidas precisam ser voltadas o controle da pandemia neste momento.
Com a saída de Moro do Ministério da Justiça, Witzel espera contar com ele em uma pasta de Justiça do Estado, que seria criada especialmente para Moro. Witzel acredita que Moro pode contribuir na integração entre o Ministério Público, o Judiciário e as Polícias (militar e civil).