A saída de Sergio Moro do governo continua dando o que falar e recebeu capítulos novos durante a coletiva de imprensa dada pelo presidente Jair Bolsonaro, as 17h. Bolsonaro se defendeu das acusações de Moro, atacou a mídia, afirmou que Moro pensa apenas em si mesmo e revelou que o ex-ministro supostamente teria condicionado interesse em ser indicado ao STF antes da saída de Valeixo.
O presidente da República Jair Bolsonaro afirmou que era “desmoralizante” falar em público, mas que Moro teria concordado em exonerar Aleixo da diretoria-geral da Polícia Federal, desde que isso fosse feito após ele [Moro] ser nomeado ao STF. Em coletiva, Moro havia negado que tinha imposto essa condição. Bolsonaro, por sua vez, afirma que essa troca havia sido sugerida por Moro mais de uma vez.
Ainda durante a coletiva, Bolsonaro defendeu a hierarquia de comando e afirmou que não precisa de autorização para troca de diretor. Contra as acusações de Moro, Bolsonaro confirmou que pede relatório mas que jamais havia pedido informações sigilosas ou que seus filhos fossem blindados em alguma investigação corrente. Essa afirmação vai de encontro ao que Moro alega quanto as interferências políticas.
Remontando ao momento em que deu carta branca a Moro quanto as nomeações, Bolsonaro lembrou que essa prerrogativa pertence ao Presidente da República e que ele apenas havia permitido que Moro o fizesse antes porque confiava no ex-ministro. “Quando conversamos para que ele fosse ministro, eu garanti a ele autonomia, mas autonomia é diferente de soberania“, afirmou.
A troca de farpas, no entanto, pode terminar em algo muito maior já que vários pedidos de investigação vem sendo protocolados e, pela própria natureza das declarações, é certo que alguém esta mentindo, e alguém esta falando a verdade. Se o presidente fala a verdade, Moro precisa responder pelas falsas acusações; ao mesmo tempo, se as acusações de Moro são verdadeiras, o presidente precisa ser responsabilizado pelos crimes.
BOLSONARO ACUSA MORO DE TER SE PREOCUPADO MAIS COM MARIELLE DO QUE COM ATENTADO
“Será que é interferência quase que exigir a Sergio Moro que investigue quem mandou matar Jair Bolsonaro? Eles estavam preocupados muito mais com o caso da Marielle do que com o meu caso”, declarou Bolsonaro, relembrando tentativa de homicídio que sofreu durante campanha eleitoral de 2018.