Vítima de bala de borracha pela PM em manifestação de Recife desabafa: ‘estou emocionalmente desestruturado’

As cenas assustadoras foram filmadas.

No dia 29 de maio, manifestações tomaram as ruas contra o presidente Jair Bolsonaro. Em Recife, um homem, de 51 anos, perdeu o olho esquerdo após ser atingido por uma bala de borracha, disparada pela PM.

Daniel Campelo, de 51 anos, não estava participando do protesto. Ele havia acabado de descer do ônibus e pretendia apenas comprar material para o trabalho, na confecção de adesivos de táxi. No entanto, foi atacado pela PM.

“Eles poderiam me imobilizar, alguma coisa. Eu estava com o braço levantado. Aí, não teve tempo. Vários disparos. Não sabia de onde vinha. É um impacto muito forte. Desestrutura todo o seu corpo”, desabafou. Daniel falou ao Fantástico. Mesmo ferido, Campelo ainda foi atingido por um segundo tiro.

Campelo não entende porque foi atingido, também não entende a truculência da polícia contra manifestantes. A manifestação, apesar da repressão da polícia, aconteceu de forma pacífica. Campelo foi socorrido por manifestantes, que buscaram ajuda. Em um momento de desespero, o grupo chegou a parar duas viaturas, mas os policiais não prestaram socorro.

Campelo não foi o único. Jonas Correia de França também perdeu a visão de um dos olhos, depois de ser atingido por um tiro de borracha. Ele estava no centro apenas para comprar carne, a pedido da esposa, e não participava do protesto.

Eu disse a ele, ‘eu tô no protesto não, sou trabalhador, acabei agora de descarregar um contêiner’. O policial saiu de trás, mirou e deu no meu olho. Na mesma hora, já entrei em desespero que essa visão apagou na hora“, contou Jonas.

A ação da polícia foi alvo de muitas críticas, justamente pela violência usada contra os manifestantes. O governo do estado nega ter dado ordem para o disparo contra manifestantes. O governo também informou que vai pagar 3 meses de auxílio para as duas vítimas. Os dois homens também revelaram que pretendem entrar com ações por indenização, ambos são chefes de família.

A reportagem do Fantástico expôs detalhes dos dois casos, que aconteceram a poucos metros de distância e quase no mesmo horário. As vítimas não se conheciam, mas acabaram se encontrando no hospital, com lesões semelhantes. O caso esta sendo investigado e os policiais envolvidos no disparo contra Jonas foram afastados.

Escrito por

Roberta R

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