Juliana (nome fictício usado pela mulher que preferiu não ser identificada ao conceder entrevista ao UOL), técnica de enfermagem, registrou 5 boletins de ocorrência contra o ex-marido por violência doméstica e chegou a dizer que, em uma das brigas do casal, o ex-marido mordeu o filho em uma de suas visitas.
Segundo Juliana, eles estão casados no papel, mas vivem separados, em casas diferentes, em separação de corpos. Ela conta um momento difícil que enfrentou ao tentar registrar um boletim de ocorrência sobre o ocorrido da mordida do pai em seu filho e o policial que estava encarregado na corregedoria falou para ela pensar melhor.
O profissional responsável pelo registro da mulher sugeriu a ela de fazer um “tratamento”, pois percebia que o seu ex-marido era um “moço bom”, não aparentava ser violento. E aconselhou ela a não fazer o boletim de ocorrência, pois o acusado poderia perder o emprego e seria pior para todos. Juliana disse que naquele momento se sentiu desprotegida.
Mesmo assim, registrou o boletim de ocorrência e, um tempo depois, foi agredida novamente, quando estava na casa que morava com as duas crianças, uma de 8 anos e outra de 6. Dessa vez ela não fez o boletim de ocorrência, pois percebeu que esse documento não tinha valor, não valia de nada para protegê-la.
O ex-marido de Juliana é Policial Militar em São Paulo, ele atua no setor de inteligência da polícia. Ela disse que no início da pandemia ele foi passar uns dias na casa dela e dormiu com os meninos, quando ela pediu para ele ir embora ele simplesmente disse que não iria, pois era ele que pagava o aluguel.
Juliana relatou que não conseguiu dormir de tanto medo, pois o homem sendo Policial Militar, mesmo estando fora do serviço, tem uma arma sobre os seus cuidados. Ela sentiu medo porque muitas mulheres são vítimas de seus parceiros que não querem aceitar a separação.