A manhã do dia 20 de setembro pode marcar um momento realmente histórico para a história do esporte brasileiro, isso porque para muitos especialistas, o caso envolvendo a atleta Carol Solberg é, também, um caso que envolve a discussão sobre censura.
Naquela manhã, depois de ganhar a medalha de bronze no torneio de vôlei de praia, a atleta gritou “Fora Bolsonaro” durante entrevista ao SporTV, emissora que cobria o evento. O jogo já estava encerrado, a súmula do jogo estava fechada.
No dia 28, foi noticiado que Carol havia sido denunciada formalmente pela procuradoria do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva. Agora, alguns detalhes do processo começam a se tornar públicos e a pena pode ser dura.
Carol pode pegar um gancho de 6 partidas, o que a prejudicaria no calendário da modalidade, bem como ser multada em R$100 mil. A multa equivale a todo o dinheiro que a atleta recebeu nos últimos dois anos como premiação pelo circuito brasileiro.
A atleta usou as redes sociais para esclarecer que não recebe dinheiro do governo no programa Bolsa Atleta, nem é favorecida individualmente por patrocínio do Banco do Brasil.
Ainda existe uma discussão em aberto sobre a situação, já que o vôlei brasileiro recebe patrocínio do Banco do Brasil desde o governo Sarney e o contrato se encerra no ano que vem. Defensores de Solberg alegam que a denúncia esta sendo rígida porque a CBV teme que o episódio possa prejudicar a renovação do contrato.
Na denúncia, o subprocurador Wagner Dantas chega a deixar claro a argumentação de que a ação individual da atleta “não pode se sobrepor ao interesse e direito coletivo que se beneficia de uma competição financeiramente e desportivamente saudável”.
O próprio subprocurador, por sua vez, é crítico ao governo Bolsonaro e se autointitula antifascista. Sobre a denúncia, ele classificou sua ação como “ossos do ofício”.