A polícia federal segue investigações do inquérito contra possíveis organizadores e financiadores de manifestações antidemocráticas realizadas nos últimos meses. O pedido foi feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e acatado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. As manifestações podem ser consideradas violação da Lei de Segurança Nacional, por atos declaradamente contrários ao regime democrático, que tiveram envolvimento de deputados federais.
O inquérito investiga o envolvimento dos deputados Daniel de Silveira (PSL-RJ) e Cabo Junio Amaral (PSL-MG) nas manifestações. Além dos deputados, citados nominalmente, a Polícia Federal também mira influenciadores digitais que podem ter tido participação na convocação e organização dos atos que pediam, dentre outras coisas, intervenção militar, fim do Supremo Tribunal Federal e Congresso. Manifestantes também pediam o AI-5, uma das medidas mais radicais da época da ditadura.
A constituição proíbe o financiamento e propagação de ideias contrárias a democracia e prevê como crimes tais ações, inafiançáveis e também imprescritíveis, ou seja, podem ser julgados a qualquer momento da história. A Lei de Segurança Nacional, por sua vez, usada no pedido do procurador-geral Augusto Aras, prevê que é crime fazer propaganda contra o regime democrático e proíbe incitação contra a ordem pública.
Embora não tenha sido divulgado quem são os influenciadores digitais que seguem na mira da polícia federal, alguns nomes se destacam em breve análise. Em matéria da Folha de São Paulo, por exemplo, são citados Olavo de Carvalho (que se apresenta como professor de ensino superior, mas nunca revelou em qual instituição), Marcelo Frazão (dono do Direita TV News no youtube) e a página Intervencionistas no Congresso, mantida por Davi Benedito dos Santos.
Apesar de citados pela matéria do jornal Folha de S. Paulo, os nomes não foram confirmados pela Polícia Federal, ou seja, os nomes de influenciadores digitais são apenas especulação. Todos os citados negaram incitação a intervenção militar e afirmaram que jamais agiram em contradição com o regime democrático – em exceção de Marcelo Frazão que optou por não responder a matéria do jornal. Daniel de Silveira negou qualquer acusação e afirmou que “salvo um ou outro indivíduo solto na manifestação”, ninguém pediu AI-5. Cabo Junio Amaral também negou as acusações e disse não temer investigações.