Através da Advocacia-Geral da União, o governo Bolsonaro pediu ao STF que reconsidere a determinação que exigia a entrega da gravação da reunião realizada no dia 22 de abril, citada por Sérgio Moro em depoimento, onde Bolsonaro supostamente teria tentado negociar a superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Quem assinou o pedido foi o advogado-geral José Levi, alegando que na reunião foram tratados assuntos sensíveis, inclusive de Relações Exteriores.
O pedido deverá ser analisado pelo ministro Celso de Mello, que é o relator do inquérito. O caso gira em torno do depoimento de Sérgio Moro que, por sua vez, provocou todas as suspeitas ao acusar Bolsonaro de crimes quando anunciou sua saída do governo no fim de abril. Moro afirmou, dentre outras coisas, que o presidente estivesse tentando interferir em investigações da PF que estão em andamento.
Em depoimento, Moro reafirmou aquilo que disse durante a coletiva de imprensa e entregou provas. O vídeo da reunião é uma das provas citadas pelo ex-ministro. No vídeo, segundo Moro, será possível comprovar que o presidente Jair Bolsonaro tentava negociar relatórios de investigações da Polícia Federal. Moro ainda afirmou que o presidente queria especificamente a superintendência da PF no Rio de Janeiro.
Na decisão em que determinava a entrega dos registros pelo Planalto, o ministro Celso de Mello deu prazo de 72h. Com o novo pedido da AGU, esse prazo pode ser adiado ou até suspenso, caso o ministro decida acatar o pedido. Pelo twitter, Sérgio Moro não comentou o caso, apenas publicou o documento assinado por José Levi.
Quem ainda não comentou o caso foi o próprio presidente Jair Bolsonaro. Antes, Bolsonaro havia negado que tivesse feito qualquer proposta durante a reunião. O presidente sustenta a afirmação de que é inocente nas acusações de Moro, mas se recusa a entregar as gravações que poderiam abalar a argumentação do ex-ministro.