Depois de uma tentativa de se livrar da obrigação de entregar os vídeos da reunião citada por Sérgio Moro em depoimento, o governo cumpriu a determinação da Justiça e entregou a gravação. No vídeo, segundo o que diz o ex-ministros, será possível comprovar que o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado demitir Moro se não lhe fosse dada a chefia da Polícia Federal do Rio de Janeiro.
O vídeo permanecerá sob sigilo até a manifestação do procurador-geral da União, Augusto Aras. De sua parte, a Advocacia-Geral da União afirma que entregou a gravação completa da reunião. A tentativa de manter o vídeo sob sigilo, segundo apuração de jornalistas, não foi motivada apenas pelas suspeitas contra o presidente, mas também para preservar os ânimos já que algumas falas podem ser compreendidas como hostis aos demais poderes da União.
A entrega do vídeo acontece no mesmo momento em que Bolsonaro se livra da obrigação de apresentar os exames que realizou contra o covid-19 depois de voltar de viagem aos Estados Unidos. Na ocasião, mais de 20 membros da comitiva apresentaram resultado positivo para o vírus, nas redes sociais do presidente constava a informação de que Bolsonaro testou negativo.
A ação foi movida pelo jornal Folha de São Paulo, que ganhou o direito de acesso aos documentos no TRF-3, mas a Advocacia-Geral da União entrou com recurso que foi acatado pelo Supremo Tribunal de Justiça, em determinação de ministro João Otávio de Noronha, presidente do STJ. A decisão do ministro se baseia no direito a intimidade preservada.
Noronha já havia se posicionado contra a divulgação dos documentos. Mais cedo, em entrevista ao site JOTA, o ministro afirmou que tal medida não seria republicana. Antes da decisão oficial do ministro, o jornal Estadão já havia entrado com pedido para que o próprio ministro se considerasse impedido na matéria, por já ter tornado público seu posicionamento antes.