Abby Stein, filha de um rabino ultraortodoxo, nasceu menino, mas tinha uma grande convicção de que era mulher. Quando se declarou transgênero, ela causou comoção na comunidade judia hassídica ultraortodoxa.
Stein é descendente de Baal Shem Tov, fundador do judaísmo hassídico. A jovem certamente seria um rabino, mas já possuía convicção de que não era um menino, mas, sim, uma menina.
Quando nasceu, foi uma grande alegria, porque para seu pai foi motivo de festa ter um filho homem considerado como primogênito para assumir seu lugar de rabino no futuro. Os pais tiveram 5 filhas e só depois nasceu Abby. Por isso seu pai contava a ela, quando ainda era ele, que quase desistiu da ideia que teria um filho homem antes de seu nascimento. Em razão disso, Abby relata que se sentiu muito mal durante toda a sua infância, um sentimento de culpa tomou conta dela por não ser aquilo que seu pai queria que fosse.
Abby disse que não sabia se existiam outras pessoas como ela, na comunidade dela ninguém jamais falava sobre esse assunto. A judia contou que a única coisa que a dava força era sua grande imaginação. Aos 6 anos, o então “menino” começou a colecionar recortes de revistas sobre transplantes de órgãos, porque pensava em um dia fazer um transplante e se tornar uma mulher.
Quando cresceu, percebeu que nada disso era possível. Mas, por ter nascido em uma família religiosa, que afirmava que Deus podia fazer qualquer coisa, quando estava com 9 anos, fez uma oração escrita para Deus, que dizia:
“Sagrado criador, eu vou dormir agora e pareço um menino. Estou suplicando a você que quando eu acorde pela manhã eu seja uma menina. Eu sei que você pode fazer qualquer coisa e que nada é difícil demais para você…”
A comunidade hassídica é muito rígida. Homens e mulheres caminham separados na rua, na escola meninos não brincam junto com meninas, são exemplos de convenções seguidas por pessoas dessa vertente da fé judaica.
Aos 13 anos, os meninos passam a ser homens dentro do judaísmo, o que foi terrível para Abby. Mais tarde, ficou noivo, se casou, se tornou rabino e teve um filho. Quando decidiu se revelar como mulher, a primeira pessoa para quem contou foi sua esposa, que a deixou. Então, Abby se mudou para Nova York e assumiu ser uma mulher transgênero.