Enfermeira que atua na linha de frente da covid-19 desabafa: ‘já não tenho mais forças para lutar contra isso’

Uma enfermeira que trabalha no Hospital de Campanha do Maracanã, no Rio de Janeiro, falou sobre o sentimento de estar lidando diariamente com a pandemia.

Todos os dias nos deparamos com notícias relacionadas a pandemia de covid-19 e só podemos imaginar como é a vida dos profissionais de saúde que estão na linha de frente. Mas só quando eles falam é que temos uma ideia real do que acontece.

Uma enfermeira que trabalha no Hospital de Campanha do Maracanã, no Rio de Janeiro, falou sobre o sentimento de estar lidando diariamente com a vida das pessoas e, pior, com a morte de tantas vítimas.

A profissional revela que as mortes relacionadas ao covid-19 são as mais difíceis de lidar, do ponto de vista emocional, porque as pessoas morrem “sem dignidade nenhuma”. Ela conta que já tem experiência, mas a pandemia tem a abalado.

A enfermeira trabalha no setor pediátrico em um hospital público universitário e, durante a noite, atua no Hospital de Campanha. Ela revela que o número de mortes tem aumentado e a equipe já enfrenta uma grande sobrecarga.

“Sem despedida, sem companhia e sem ver o rosto de quem ama nos últimos minutos de vida”, conta. “É cruel”, diz a enfermeira. De fato, por ser uma doença altamente contagiosa, os pacientes diagnosticados não podem receber visita ou acompanhantes.

A despedida da família também é diferente e muito sofrida, os parentes e amigos não podem ver seu ente querido uma última vez. Os caixões são lacrados e todos os municípios tem recomendado a mesma coisa: evitar aglomerações.

A profissional, que é formada pela UFRJ, mas tem especialização pela UERJ, ainda fez um alerta: “em pouco tempo o sistema de saúde vai colapsar”, afirmou, e apelou para que as pessoas sejam mais conscientes em relação as recomendações de distanciamento.

A enfermeira falou um pouco sobre a sua rotina, contou que optou por não ter contato com a família, com medo de estar portando a doença em estágio assintomático. O desabafo continuou, a profissional falou sobre o desgaste emocional.

“Insônia, ansiedade, depressão, síndrome do pânico” são alguns dos transtornos psicológicos que a equipe médica vem desenvolvendo. “Eu já não tenho forças para lutar contra isso”, desabafou.

Escrito por

Roberta R

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