Ryan Henrique Nogueira Lucatto tem apenas 20 anos, mas já sabe que sua vida nunca mais será a mesma. O rapaz perdeu a mãe, o pai e o avô para a covid-19. Da família nuclear, Ryan tem agora apenas o irmão, de apenas 10 anos, que também enfrenta o trauma.
Lucatto falou sobre a experiência dolorosa e conta que todos os demais membros da família contraíram a doença, mas em alguns os sintomas foram mais violentos. As mortes aconteceram dentro de um período de 14 dias e assustaram.
O pai do rapaz, Ecio Lucatto, de 42 anos, foi o primeiro a ser internado. Seus sintomas começaram a se manifestar no começo do mês de março. Ecio chegou a ser intubado, mas não resistiu. Ryan conta que o pai, antes de falecer, conseguiu fazer uma chamada de vídeo e pediu desculpas a família, por não ter levado a doença a sério.
Luis, avô de Ryan, foi internado logo em seguida. Ele teve um agravamento rápido do quadro e precisou ser intubado, mas resistiu apenas dois dias. Ele morreu na mesma semana que Ecio. Foi então que Fernanda Lucatto, de 43 anos, também teve uma piora brusca no quadro.
Ryan conta que a mãe estava bem, estável, com sintomas não graves, mas piorou de uma hora pra outra. Ryan, que também já havia contraído o vírus, teve permissão dos médicos para se despedir da mãe. No dia seguinte, 26 de março, ela faleceu.
“Os médicos e enfermeiras pediam socorros com os olhos, todos com olhar de tristeza, todos da UTI estão exaustos. Tenho uma imensa gratidão por todos, mas, quando a avalanche chega, leva tudo e já é tarde demais”, lamenta o jovem.
Ryan foi acolhido por tios, assim como o irmão. O jovem desabafa ainda sobre o momento e afirma estar agindo por racionalidade, mas que o momento é muito difícil. Além dos tios, os meninos contam com ajuda de amigos e vizinhos.