A novela entre o jornal Estado de S. Paulo e o presidente Jair Bolsonaro, com fortes implicações para a sociedade brasileira, segue sem um fim. Isso porque o presidente ainda não apresentou o resultado do exame realizado após sua volta dos Estados Unidos. O jornal suspeita que Bolsonaro estava contaminado e assintomático quando cumprimentou apoiadores e participou de manifestações.
De acordo com um decreto publicado no último dia 27, o presidente deveria apresentar o boletim médico de seu estado de saúde na volta dos Estados Unidos. O decreto foi descumprido pela Advocacia Geral da União – AGU que, no lugar do exame médico completo, divulgou apenas um relatório de estado de saúde – que já havia sido divulgado em março.
Com o descumprimento do decreto, o jornal voltou a Justiça com um pedido de que o decreto fosse cumprido e foi acatado pela juíza Ana Lúcia Pettri Beto. De acordo com a nova decisão, publicada no dia 30, o presidente tem 48h para divulgar o resultado completo do exame, com pena de R$5 mil por dia de descumprimento sobre Jair Bolsonaro. Bolsonaro afirmou que se sentirá violado se precisar divulgar documentos de saúde.
Enquanto se recusa a apresentar os exames aos quais foi submetido, o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista a Rádio Guaiba, do RS, declarou que “talvez, talvez, tenha tido o vírus”. Em março, Bolsonaro afirmou que todos de sua família testaram negativo para o vírus, mas também disse que “talvez tenha sido infectado lá atrás e nem fiquei sabendo. Talvez. E estou com anticorpo”. As declarações, somadas a relutância em apresentar os documentos, vem sendo vista com suspeita.
Em 7 de março, Bolsonaro e uma comitiva do governo viajou para os Estados Unidos onde trataram de assuntos diplomáticos e de comércio. Na volta ao Brasil, mais de 20 participantes desta comitiva apresentaram teste positivo para o novo coronavírus. Bolsonaro, por sua vez, realizou o teste pelo menos duas vezes e anunciou que haviam resultado negativo, mas nunca os apresentou. No hospital onde realizou os testes, o boletim de saúde do presidente vem sendo tratado como sigiloso, mas a decisão da justiça considera os direitos de acesso a informação e princípio da liberdade jornalística.