Em nova conversa com jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro fez “apelo” a governadores que revisem suas medidas de isolamento social. O presidente afirmou que lamenta a morte das vítimas, mas que “muito mais gente vai morrer se a economia continuar sendo destroçadas por essas medidas”. Bolsonaro concluiu dizendo que estava “pronto para conversar”.
As novas declarações do presidente parecem marcar uma mudança de postura. Desde o começo da pandemia, Bolsonaro adotou uma postura de confrontamento com governadores e prefeitos de todo o país, transferindo a responsabilidade aos chefes estaduais, em muitas ocasiões. Ainda no dia 3 de maior, por exemplo, durante manifestação de apoiadores, Bolsonaro afirmou que teria chegado ao seu limite e que não teria mais conversa.
Nesta semana, outro caso chamou a atenção, Bolsonaro adicionou salões de beleza, barbearias e academias de ginástica na lista de serviços essenciais. No entanto, a maioria dos governadores afirmou que não adotaria o decreto – a autonomia das esferas é garantida. Como resposta, o presidente voltou a criticar quem não seguiu o decreto e chamou a reação de autoritária.
Ainda na saída do Palácio, Bolsonaro criticou as medidas de lockdown, o bloqueio total, admitido por algumas regiões. O presidente pediu que governadores e prefeitos fizessem como ele fez “em algum momento da vida”, se desculpassem e fizessem a “coisa certa”. O presidente acredita que as medidas de isolamento são “caminho do fracasso”.
Os fatos, no entanto, não corroboram a análise do presidente. Países que demoraram a adotar as medidas de isolamento, como Itália e Estados Unidos, por exemplo, tiveram números de óbitos muito elevados. Outras regiões que flexibilizaram demais o isolamento também precisaram voltar atrás e tornar as medidas rígidas novamente para conter o contágio. Baseados nesses dados, governadores e muitos prefeitos tem optado pela rigidez no combate ao novo coronavírus por enquanto.