Referência na área, a cirurgiã gastroenterologista Angelita Habr-Gama, aos 87 anos, se curou do novo coronavírus e agora deseja voltar a trabalhar. Angelita ficou internada no UTI por 50 dias no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, onde também trabalha desde a década de 60. Agora recuperada, a médica manifestou o desejo a voltar a atuar mesmo em meio a pandemia.
Em nota a imprensa, o hospital confirmou a recuperação da médica e teceu elogios a atuação da cirurgiã, considerada importante internacionalmente por sua contribuição em pesquisas. Angelita teve diagnóstico quando o estado de São Paulo não registrava nem 500 casos ainda e por isso afirmou que se surpreendeu. “Não se falava de muitos casos no Brasil”, declarou ao G1. Angelita contou que teve pouca tosse e perda do paladar, mas que a doença é muito perigosa porque progride muito rapidamente. A médica confirmou que ficou 50 dias no UTI, sedada e entubada.
Depois de dois meses internada, a médica deu sinais de ter se informado rapidamente. Ela afirmou que a unica forma de combate é através de isolamento, higienização e informação. Durante sua internação, o ex-ministro da saúde Mandetta chegou a cometer uma gafe e lamentou publicamente a morte da cirurgiã durante coletiva. Depois, o ex-ministro pediu desculpas pelo equívoco.
A trajetória profissional da doutora Angelita é realmente impressionante. Aos 19 anos, ela deu início a sua história no Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Angelita foi a primeira mulher a conseguir o cargo de residente em cirurgia do Hospital das Clínicas. É graças a ela que a disciplina de Coloproctologia foi criada. Angelita também foi a primeira mulher a chefiar os departamentos de Cirurgia e Gastroenterologia na Faculdade de Medicina da USP.
Angelita é, segundo a Forbes, uma das pessoas mais influentes do Brasil, acumula mais de 50 prêmios internacionais e nacionais. É fundadora Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino, é membro honorária do American College of Surgeons e, pela Organização Mundial de Gastroenterologia, é também coordenadora no Brasil do Programa de Prevenção do Câncer Colorretal.