Ao descobrir que seria solto, jovem pede para ficar preso ‘algumas horas’ para jantar após passar fome na rua

Rapaz, de 20 anos, surpreendeu promotor do Ministério Público.

Na cidade de Santa Luzia, em Minas Gerais, promotor e juíza ficaram espantados com um caso. Luan Vitor da Silva, preso em flagrante por roubar um telefone fazendo uso de faca, surpreendeu a juíza ao pedir para permanecer preso.

O caso é mais complicado do que parece e deixou tanto a juíza, quanto o promotor, reflexivos. Luan foi preso em flagrante e passava por audiência de custódia, era por volta de 16h, quando descobriu que seria liberado para responder o processo em liberdade.

Ao descobrir que seria solto, o rapaz pediu para ficar preso mais algumas horas, para que pudesse jantar no presídio. Para a juíz, na presença do promotor, o rapaz, de 20 anos, explicou que não comia há dias.

A juíza Elâine de Campos Freitas não precisou fazer nada específico para atender o pedido do rapaz e explicou que levariam algumas horas para expedição do alvará de soltura e que, portanto, ele teria a chance de jantar antes de ser solto.

Já o promotor Luciano Sotero Santiago não escondeu o impacto que a situação teve. Ao Uol, ele classificou o pedido de Luan como “emblemático” e deu mais detalhes sobre a situação, desde a prisão do rapaz até o momento que o processo se encontra.

Em regra, ele ficaria preso, mas eu cumpri o que está na Constituição. Não se pode cumprir pena antecipada antes de o processo ser julgado. E há evidências de que o roubo foi praticado em razão de fome“, explicou.

A juíza, por sua vez, determinou que Luan fosse encaminhado para fazer avaliação psiquiátrica, já que o rapaz não parecia 100% consciente. Segundo o pedido, o jovem apresentava “olhar distante”, “fala oscilante”, relatou “problema para dormir” e aparentava não ter “discernimento” total do acontecimentos.

Para a reportagem, o promotor lamentou a situação do jovem e descreveu o estado de Luan como “limite da fome”. Para o promotor, é lamentável que a prisão seja recebida com “alívio” por jovens na situação do rapaz. Santiago explica que, naquelas condições, Luan estaria muito vulnerável a abusos sexuais e a ser cooptado pelo tráfico dentro do presídio. “Ninguém sai de lá bacana”, explicou.

Escrito por

Roberta R

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